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POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

Foto: Youtube

  

NATHALIE QUINTANE
(  FRANÇA ) 

 

Nathalie Quintane nasceu em Paris, em 1964. Publicou romances e coletâneas de poemas, como Chaussure (1997), Jeanne Darc (1998), Début (1999), Formage (2003), Cavale (2006), Grand ensemble (2008), Un embarras de pensée (2008) e o mais recente intitula-se Tomates (2010), a grande parte deles pela importante editora francesa POL, que publica há anos os mais interessantes poetas experimentais da língua, como Emmanuel Hocquard, Bernard Heidsieck, Christophe Fiat, entre muitos outros.

 

QUINTANE, Nathalie.  Começo [autobiografia].  Rio de Janeiro: 7 Letras; São Paulo:  Cosacnaif, 2004.  106 p.  (Col. Ás de Colete, 7)  
Ex. bibl. de Antonio Miranda
[uma prosa poética...]:

 

 Começo 4

Porque não nasci com uma colher na boca, é preciso a cada vez que ela chegue de fora.

Porque não nasci com os cabelos grossos como cabos, o
espaço entre dois dentes de pente passa raramente de um
milímetro.

Porque o meu nariz não cresceu para dentro, é o fora que
eu respiro.

Porque não tenho buraco no pescoço, a minha voz sai pela
boca.

Porque as minhas mãos acabam em dedos, as mangas dos
pulôvores têm a ponta cortada.

Porque não nasci com a cabeça grudada, posso olhar à
direita, e à esquerda.

Porque o meu pé veio no final da minha perna, não ando
pelo meio.

Porque os meus dentes saem separados, eu os perco um
a um.

Porque os meus ossos crescem, as camas não têm todas
o mesmo comprimento.

Porque os meus ossos estão ligados por nervos e por 
músculos, sou feita de uma só peça.

Devido à epiderme que por toda parte me recobre, sou
sensível também nos cotovelos.

Porque meus dois olhos estão colocados a uma distância
igual das bordas da minha cabeça, as lentes dos óculos,
bem como as hastes, são de tamanho idêntico.

Porque o lugar das mãos é na ponta dos baços, à direita
e à esquerda, os bolsos das roupas não estão nunca
situados na parte de baixo das calças.

Devido ao nervo que o retém por detrás e que não vejo,
há poucos riscos que o meu olhos caia.

 

INIMIGO RUMOR – revista de poesia.  Número 16 –
1º SEMESTRE 2004.
Editores: Carlito Azevedo,  Augusto Massi. 
Rio de Janeiro, RJ:  Viveiros de Castro Editora, 2004.  176  p. 
ISSN  1415-9767.                          Ex. biblioteca de Antonio Miranda

               

 

CARLITO + O CORO DAS CRIANÇAS
(tipo coro amigo em forma de rap)

 

CARLITO

Crianças, achei um tempo, fico fora uns meses.

CORO

Ah mas pai
você não vai estar na área

a língua da lei não vai penetrar nossos mandamentos
não respeitaremos mais regulamentos
é a perda perpétua de parâmetros
vamos tirar muito zero
vamos ficar de suspensão
iremos da advertência
pedagógica
à advertência disciplinar
nos mandarão pra direção
encheremos um colega de furos de faca
um qualquer panaca
traremos bichos feios paca
e cachorros proibidos
daremos prova de desenvoltura
e ao invés de depositar na urna nosso voto
atacaremos os supermercados
e andaremos só com drogados
criaremos zonas onde tudo se pode
pra desafiar as forças da ordem
e os representantes da República
aprenderemos o árabe literário|
e nosso itinerário
será o Afeganistão ou o Paquistão
o Azerbaijão e o Baluchistão
faremos gestos indecorosos
aos educadores rancorosos
só teremos por objetivo
rodar num carro esportivo
só iremos aos cinemas de shopping
aprenderemos esportes de combate
seremos réus reincidentes
nossa respiração será a abdominal
e nossa sexualidade a anal
nem o teatro nem a dança poderão
nos reeducar
não seremos anarquistas
não admiraremos os situacionistas.

 

                     Do livro Les Quasi-monténégrins
Tradução de Adalberto Müller

 

*

Página ampliada e republicada em dezembro de 2023

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Página publicada em novembro de 2023


 

 

 
 
 
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